segunda-feira, 23 de março de 2009

... do dia que minha segunda casa foi violada.

Já faz um tempo que não dou as caras, mas hoje resolvi ser fiel ao propósito inicial desse blog: não me deixar esquecer de acontecimentos "importantes".

Eis que as conversas sobre os diversos tiroteios do fim de semana e os barulhos de tiro do almoço se transformaram em tensão, agonia, telefonemas e caras espantadas.
O segundo round começara, só que dessa vez o ringue era uma rua muito conhecida por cada um de nós, o backstage então, nem se fala.

Eis que nossa segunda casa virou esconderijo.

Eis que dentre amigos, crianças e coordenadores, surge uma figura diferente. Um senhor seu moço que à primeira vista parecia apenas um funcionário apressado, mas ao se aproximar mostrava o barro e os machucados que seguidos pelo método inusitado de atravessar o portão deixavam clara sua função ali. Escapar.
Um senhor seu moço bandido, dentro do meu colégio. Sua passagem não durou muito, mas foi marcante.

Eis que depois disso não houve muitas novidades. Só uns amigos amedrontados, uns coordenadores muito bem preparados, uns todos bem, e um sentimento bizarro.

É horrível perceber que foi necessário chegar a esse ponto pra perceber o quão sério é isso tudo.

É horrível ouvir '-Já to acostumado com isso.' ao perguntar se alguém está com medo.

É horrível ver algo tão indesejado escancarar a porta e entrar no lugar menos 'entrável' do mundo.

E é ainda mais horrível saber que hoje foi horrível. Mas que daqui a uns dias tudo isso vai virar só mais uma lembrança pra mim, e continuar sendo uma realidade pra tantos.